segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

MEDIA PAF

Tornou-se praticamente impossível ler jornais. A televisão dispensa o advérbio. Isto faz lembrar o PREC mas no PREC houve resposta. Entre Abril de 1974 e Novembro de 1975, a Direita dava pinotes com a imprensa de Esquerda, que eram todos os títulos de referência vindos do antigamente. Mas como a Direita não dorme em serviço, a CIP financiou um vespertino alternativo, o Jornal Novo. Dirigido por Artur Portela Filho, o Jornal Novo começou a publicar-se em 17 de Abril de 1975. Nesse tempo, a Direita fazia manifs em frente ao Diário de Notícias, então dirigido por Luís de Barros e Saramago, gritando horas a fio: O diário é do Povo, não é de Moscovo!

Chegou o 25 de Novembro e, com ele, um blackout imposto à imprensa. Entre 25 de Novembro e 10 de Dezembro não se publicaram jornais, com excepção do Expresso, que durante dois meses manteve duas edições por semana: quartas e sábados. Em 11 de Dezembro regressou às bancas o Diário Popular, com a direcção de Jacinto Baptista intocada. As direcções do Diário de Notícias, que só regressou a 22 de Dezembro, do Diário de Lisboa, de A Capital, etc., foram entregues a jornalistas da confiança do PS e do PSD. A Direita civilizada relaxou, mas a Direita radical fundou dois novos jornais: O Dia, matutino ultraconservador dirigido por Vitorino Nemésio, que começou a publicar-se a 11 de Dezembro (ou seja, no dia do regresso do Popular); e O Diabo, semanário faca-nos-dentes dirigido por Vera Lagoa, que começou a publicar-se a 10 de Fevereiro de 1976. Hoje não há alternativa. O pensamento único veio para ficar.