domingo, 3 de janeiro de 2016

GROTESCO

Para não ir mais longe que os últimos dez anos. Em 2006, o Tribunal Constitucional rejeitou sete candidaturas presidenciais. Sete. Em 2011 rejeitou três. Este ano não rejeitou nenhuma. Ontem, no Público, Pacheco Pereira interroga-se sobre se «o Tribunal Constitucional verificou as assinaturas de todas as candidaturas que lhe foram apresentadas, algumas das quais parecem ter conseguido sem “aparelho” o milagre de obter 7500 assinaturas validadas...» É uma dúvida legítima. Não esquecer que três candidatos (sendo o senhor de Rans o mais notável dos três) apresentaram as assinaturas a poucas horas do fim do prazo.

As televisões, em nome do politicamente correcto, começaram anteontem a dar espaço às dez candidaturas. Um disparate que me dispenso de comentar. Não vi nem tenciono ver nenhum debate ou entrevista, mas ontem foi impossível escapar ao episódio... “Candidato abandona debate em directo”, porque todos os canais repetiram o sketch até à exaustão, com o propósito de enfatizar a magnanimidade de Marcelo, disponível para debater quando o outro quisesse.

Sobre o grau zero das prioridades informativas, estamos conversados. Sobre a criatura, ficámos esclarecidos: teve de ler um papel para dizer... “Não concordo com o modelo dos debates, vou-me embora” (as palavras são minhas). Tudo isto é deplorável.

Pelo andar da carruagem, não seria de admirar que a abstenção fosse superior a 60%.