sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A POSSE


António Costa tornou-se ontem primeiro-ministro. E já hoje deu entrada na Assembleia da República o programa do XXI Governo Constitucional, que será discutido nos próximos dias 1 e 2 de Dezembro.

Podemos olhar para a cerimónia da tomada de posse de várias formas. Mas ninguém esquecerá a acrimónia de Cavaco Silva. O discurso do Presidente da República fica registado como acto falhado (no sentido psicanalítico do termo), por contraponto com o de António Costa, que é todo um programa (no sentido lato da palavra). A excelência da equipa governamental, não sendo por si só garantia de sucesso, demonstra que nada foi deixado ao acaso.

Sem sectarismo e sem complexos, Costa conseguiu mobilizar os melhores. Não o fez em meia dúzia de dias, porque nenhum dos homens e mulheres que integram o Governo estava no desemprego. Alguns até nem estavam em Portugal. Vários tiveram de suspender carreiras de prestígio em diversas áreas. Muitos tiveram de trocar o Norte por Lisboa. Entre a incredulidade e a emoção, o país assistiu à tomada de posse de uma ministra negra (Francisca Van Dunem), de uma secretária de Estado cega (Ana Sofia Antunes) e de um secretário de Estado de origem cigana (Carlos Miguel). Uma lição de cidadania.

Como escrevi noutro lado, podemos estar a assistir à inauguração de uma nova República.