quinta-feira, 3 de setembro de 2015

DISCURSO DIRECTO, 8

Bernardo Pires de Lima, hoje no Diário de Notícias. Excertos, sublinhados meus:

«Eu bem queria mudar de assunto, mas a UE não me deixa. Chama ao drama dos refugiados um assunto urgente, mas só tem vaga na agenda para uma reunião extraordinária, ainda por cima ministerial, daqui a 15 dias. É incapaz de dignificar o que resta do seu método comunitário, tentando recuperar o estatuto da Comissão, ou até organizar um Conselho Europeu urgente que sente à mesa a imensidão de líderes embeiçados pelos seus umbigos. É sempre lesta a reunir aos domingos sobre a moeda única, fomentar maratonas negociais para vergar parceiros ou ter governantes a fazer figuras tristes no Twitter, mas não consegue arranjar umas horas para, em conjunto, discutir medidas urgentes que salvem vidas e salvaguardem Schengen. [...] É que nem as regras se cumprem, nem os procedimentos se preservam, nem a influência se exerce. No final, são as fontes de refugiados que continuam entregues ao tribalismo islamista, à sangria dos ditadores e à lei da bomba. No final, também, é a preservação da integração europeia que fica esvaziada, sem denominadores comuns, com mais contabilistas do que políticos, mais moeda única do que Schengen, menos soluções comuns do que arbitrárias, menos moderação do que xenofobia. Se a UE já vivia em crise identitária, hoje acrescenta-lhe a existencial. Temo pelo que aí vem